LuXCorpUS

O teu universo em constante trespassar de mim.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Até sempre, mulherzinhas.

Porta-te bem, Ada, pensa que quando abres a boca falas por mim. Por favor, veste saia, não seria adequado usar calças para esta ocasião. Sê amável com a mulher do embaixador, ela é a chave para que nos possamos relacionar com ele, o que te importa que seja estúpida? Não comas tão depressa, é feio ser a primeira a acabar. Não tens jóias, nem sequer uma falsa, como vais assim quase despida? Compra umas pérolas de Majorica, passam por finas. Não és suficientemente alta para usar saltos baixos, ofereço-te uns sapatos de salto, ficarás mais espigada. Não me visites com muita frequência no escritório, fica mal. Deves arranjar assuntos comuns com as esposas dos diplomatas, se falam de borlas e organzas, junta-te às borlas e organzas, se falam de beneficência, junta-te à beneficência, não chames a atenção por nada do mundo. Por favor, não fumes mais de um cigarro depois das refeições, não vês que já ninguém fuma? Sim, toma nota das receitas que te derem, diz-lhes que vais comprar esse género de toalha para a mesa, que já encomendaste as cortinas novas, não admitas diante delas o teu gosto pelas persianas despidas, faz-me o favor. Não me deixes mal, Ada, no fim de contas, julgar-me-ão também por ti.

Ada sempre gostou de sexo, sentia-o como um impulso saudável e às vezes urgente, era intensa mas deprendida ao mesmo tempo, e não pensava demasiado nas suas consequências (até para isso és masculina!, comentava Lola). A sua juventude em Londres deixara-lhe sem dúvida algumas marcas indeléveis. Para relações sexuais, uma licenciatura, para erotismo, um mestrado, para o amor, um doutoramento, costumava dizer Jaime. Lamentavelmente para ela, Juan Carlos só tinha frequentado a licenciatura.


Marcela Serrano



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